terça-feira, 15 de abril de 2008

Enuma Elish

O Enuma Elish é um poema épico da antiga Babilônia sobre o mito da criação, escrito em sete tábuas de argila descobertas no século XIX, nas ruínas da biblioteca de Assurbanipal, em Ninive, próximo da atual cidade de Mossul no Iraque e data, provavelmente, do século XII a.C., podendo refletir idéias anteriores, provenientes da civilização sumeriana. Era recitado no quarto dia do festival de ano novo da Babilônia. O nome Enuma Elish foi retirado das primeiras palavras do poema e significa "Quando no alto".
Apesar do estado de degradação, de grande parte da 5ª tábua nunca ter sido recuperada e de divergências na tradução e interpretação, o texto está quase totalmente disponível.
Dadas as suas enormes semelhanças com a narração bíblica do Génesis, várias discussões têm surgido sobre qual das histórias é a original e qual é uma adaptação à religião em causa. Para a cultura babilônica, o Enuma Elish explica a origem do poder real, a sua natureza, a permanência da instituição e a sua legitimidade. A realeza humana e terrena tem a sua origem na realeza divina. A divindade continuará a ser o verdadeiro rei e também o modelo a imitar pelo rei terreno. A existência de um modelo divino impõe limites à realeza humana.

Estrutura: Está escrito com caracteres cuneiformes na língua acadiana sobre sete tábuas. Cada uma das tábuas contém entre 115 e 170 linhas

Sinopse: O Enuma Elish consiste na superiorização de Marduk, Deus protetor da cidade da Babilônia, sobre os restantes deuses da Mesopotâmia, mais particularmente sobre Tiamat. O texto é também uma alusão à constante luta entre a Ordem e o Caos, sendo que Marduk representa a luz e a ordem, e Tiamat representa a obscuridade e o caos.

Tábua I

Os vários deuses representam aspectos do mundo físico. Apsu é o Deus da água doce e Tiamat, sua esposa, é a Deusa do mar e, consequentemente, do caos e da ameaça. A partir deles, vários deuses são criados. Estes novos deuses são demasiado tumultuosos e Apsu decide matá-los. Ea descobre o plano, antecipa-se e mata Apsu. Posteriormente, Damkina, esposa de Ea, dá à luz Marduk. Entretanto, Tiamat, enraivecida pelo assassínio de seu marido jura vingança e cria onze monstros para executar a sua vingança. Tiamat casa com Kingu e coloca-o à frente do seu novo exército.
Texto inicial:
"Quando no alto não se nomeava o céu,
e em baixo a terra não tinha nome,
do oceano primordial (Apsu), seu pai;
e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
as águas se fundiam numa,
e os campos não estavam unidos uns com os outros,
nem se viam os canaviais;
quando nenhum dos deuses tinha aparecido,
nem eram chamados pelo seu nome,
nem tinham qualquer destino fixo,
foram criados os deuses no seio das águas".

Tábua II
As forças que Tiamat reuniu preparam-se para a vingança. Entretanto Ea descobre o seu plano e confronta-a. Numa zona danificada da tábua é aparente a derrota de Ea. Anu desafia-a, mas tem o mesmo destino. Os deuses começam a temer que ninguém será capaz de deter Tiamat.

Tábua III
Gaga, ministro de Anshar, é encarreguado de vigiar as atividades de Tiamat e de os informar da vontade de Marduk de a enfrentar.

Tábua IV
O conselho dos deuses testa os poderes de Marduk. Depois de passar o teste, o conselho entregue o trono a Marduk e encarrega-o de lutar com Tiamat. Com a autoridade do conselho, reúne as suas armas, os quatro ventos e ainda os sete ventos da destruição, e segue para o confronto. Depois de prender Tiamat numa rede, liberta o Vento do Mal contra ela. Incapacitada, Marduk mata-a com uma seta no coração, capturando os deuses e monstros seus aliados. Marduk divide o corpo de Tiamat, usando metade para criar a terra e a outra metade para criar o céu.

Tábua V
Marduk cria residências para os outros deuses. À medida que estes vão ocupando o seu lugar vão sendo criados os dias, meses e estações do ano. As fases da lua determinam o ciclo dos meses. Da saliva de Tiamat, Marduk cria a chuva. A cidade da Babilônia é criada sobre a proteção do Rei Marduk.

Tábua VI
Marduk decide criar os seres humanos mas precisa de sangue para os criar, mas apenas um dos deuses poderá morrer, o culpado de lançar o mal sobre os deuses. Marduk consulta o conselho e descobre que quem incitou a revolta de Tiamat foi o seu marido, Kingu. Ea mata Kingu e usa o seu sangue para criar o Homem, de forma a que este sirva de criado dos deuses. Em honra a Marduk, os deuses constroem-lhe uma casa na Babilónia, havendo um grande festim para os deuses quando terminada.

Tábua VII
Continuação do louvor a Marduk como chefe da Babilónia e pelo seu papel na criação. Instruções às pessoas para estas relembrarem os feitos de Marduk.

Comparação com o Livro do Gênesis: São várias as similaridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Gênesis. O Gênesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no Gênesis, sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat.
Estas semelhanças levaram a que muitos estudiosos tivessem chegado à conclusão que ou ambos os relatos partilham a mesma origem, ou então uma delas é uma versão transformada da outra.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Enuma_Elish

5 comentários:

Unknown disse...

Caros alunos.

Gostaria de evitar o uso de uma linguagem docente, mas isso é invevitável: parabéns pelo blog. Iniciativa admirável...como não tenho consciência do esforço necessário para criar tal "coisa", suponho que seja análogo aos maiores esforços da história humana. Os textos estão muito bons...especialmente do M. Eliade, em que há diversas idéias já comentadas em sala de aula. Espero que os colegas de vocês aproveitem também a transcrição do E. Elish. Não há o que temer quanto à extensão dos textos...É preciso se acostumar com o universo profissional que vocês escolheram..

Abs

Prof. Anderson Zalewski Vargas

Unknown disse...

Elishi Tami Sinai é meu nome e gostaria de mais informações
www.ctarvoredavida.com.br
face: EnSoltas Árvore

Unknown disse...

Tá na cara que a bíblia não passa de uma mitologia😏

José Pires de Carvalho disse...

Não se trata de mitologia. Trata-se História e no caso, dos eventos que resultaram na configuração do nosso Sistema Solar...

Donizete Oliveira disse...

Muito bom!