sexta-feira, 25 de abril de 2008

A Epopéia de Gilgamesh



Na Suméria, o Ciclo de Gilgamesh é composto por vários poemas, contendo narrativas diferentes. É provável que o poema tenha sido constituído e recitado oralmente muito tempo antes de registros escritos. Os babilônios reuniram esses poemas e, entrelaçando suas histórias, compuseram a Epopéia de Gilgamesh. Esta, narra os feitos do famoso rei Gilgamesh, cujo nome consta como o quinto monarca da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk, tendo reinado por 126 anos. Sua existência foi comprovada arqueologicamente: um homem, um rei, chamado Gilgamesh, viveu e reinou em Uruk, em alguma época da primeira metade do terceiro milênio a.C. O herói é descrito como dois terços deus e um terço homem, pois sua mãe era uma deusa. Dela, Gilgamesh herdou grande beleza, força e inquietude. De seu pai herdou a imortalidade. A tragédia do poema é o conflito entre os desejos do deus e o destino do homem. O primeiro episódio descreve como os deuses arranjam-lhe um companheiro que é o seu oposto. Trata-se de Enkidu, o “homem natural” criado entre os animais selvagens e rápido como uma gazela. Enkidu é seduzido por uma meretriz e a perda da inocência representa um passo irreversível para a domesticação de seu espírito selvagem. Gradualmente, ele se deixa civilizar até chegar à grande cidade de Uruk. A partir de então, ele só torna a pensar em sua antiga vida de liberdade quando está morrendo, dominado por um sentimento de dor e arrependimento. Essa história é também uma alegoria dos estágios por meio dos quais o homem atinge a civilização, partindo da selvageria, passando pelo pastoreio, até finalmente chegar à vida urbana. A grande amizade entre Gilgamesh e Enkidu, que tem início com uma luta corpo a corpo em Uruk, é o elo que liga todos os episódios da história. É Enkidu quem traz notícias sobre a misteriosa floresta de cedros e seu terrível sentinela. Esse é o tema do segundo episódio: dois heróis partem em busca da montanha e dos cedros, mas terão o desafio de enfrentar o gigante Humbaba, guardião da floresta. A jornada na floresta e a batalha daí resultante podem ser lidas em diferentes planos da realidade. A floresta é real, algumas vezes identificada com o norte da Síria ou sudoeste da Pérsia. Mas é também onde localizam-se poderes sobrenaturais e estranhas aventuras. É ainda a obscura floresta da alma. As cidades sumérias localizavam-se geograficamente em planícies, por isso os sumérios em suas construções, necessitavam de madeira. Essa procura é a razão de todo o empreendimento de GilgameshShamash, o deus-Sol, quem a concede. Humbaba é morto por Gilgamesh e Enkidu e o rei de Uruk é glorificado quando retorna da floresta. Nesse momento, a deusa Ishtar (da fertilidade e da guerra), “padroeira” de Uruk apaixona-se e passa a desejar Gilgamesh. Ao ser recusada, Ishtar vinga-se matando o seu amigo Enkidu. Gilgamesh fica só. Diante de seu destino, também mortal, o grande rei sai em busca da vida eterna. Após muitas aventuras, Gilgamesh que desejava ostentar o seu poder e ambição construindo templos e grandes muralhas. A arriscada aventura precisava de proteção divina e é percebe finalmente que não é e nem poderia ser diferente dos outros homens. O último episódio narra a morte do rei, que existe apenas na versão suméria. O final da aventura é como um feitiço que se quebra: depois da busca e de um prêmio quase ganho ( a eternidade), tudo volta ao normal com a descrição dos muros de Uruk. A décima segunda tabuinha traz o esboço de uma cosmogonia, sendo que no original sumério o poema chamava-se Gilgamesh, Enkidu e o Mundo Inferno. Essa parte da Epopéia não parece ter muita relação com o restante das aventuras, mas é lá que encontram-se traçadas as concepções sumérias de criação do cosmos.

Fonte: http://www.galeon.com/projetochronos/chronosantiga/isabelle/Sum_gilg.html

Imagens in: Gilgamesh the King. Livro que foi feito para crianças sobre os feitos de Gilgamesh. Há outras histórias de Gilgamesh dessa mesma coleção.
Autora: Ludmila Zeman
Editora:
Tundra Books (1998)

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